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terça-feira, dezembro 13, 2005

Jantar de colegas...


Há dias, num jantar de ex-colegas de curso, o assunto veio à baila e eu senti-me uma Alien. Um ser anormal, diferente de todas as outras presenças do sexo feminino. E masculino, claro está.

Eu nada tenho contra a bissexualidade. Nada tem a ver com homossexualidade. Não.

Também não sou contra a homossexualidade, mas isso agora não vem ao caso.

O que me leva a escrever é que eu na 4ª feira passada, tive que engolir algumas ideias que me vinham à língua, só para não ser julgada “em praça pública” pelas colegas na mesa. Por isso, agora, vou despejar!

Impressionante como tudo começou com alguém a dizer “Ai Jesus, eu não consigo entender como é que uma gaja, pode achar outra gaja sexualmente excitante...”.

Outra sai-se com esta: “Deus me livre, que nojo!”

Ainda outra: “Realmente não entendo que graça pode ter estar ali a esfregar-se...”

E eu... a olhar para elas... quando elas se viram para mim: “Não achas?”

E eu: “Não, não acho!”...

Acreditem que o restaurante até tremeu com os olhares que elas me lançaram... E eu repeti: “Não, até compreendo muito bem, mas não me quero alongar muito sobre isso!”

Conclusão: elas continuaram a falar, entre si, olhando-me um pouco de lado, como se eu não fosse do planeta delas (que, de facto, não sou!!!) a desfiaram o seu rosário de indecências contra quem ousa ter sexo com alguém fisicamente semelhante. Uns longos minutos a darem-me cabo da paciência, com tanto moralismo junto. Mas eu, como ser humano tolerante que sou, deixei-as falar, sem me intrometer.

E daí? Acham que fiquei muito preocupada? Não... fiquei orgulhosa por marcar a diferença, naquela mesa de hipócritas. Se calhar alguma delas já deve ter ficado toda molhada a olhar para o meu rabo, ou até a imaginar a minha língua por entre as pregas da sua rata... Isto sou eu a imaginar, até porque uma safada como eu, pode imaginar tudo, não pode?

Nem lhes passa a elas pela cabeça a vontade que me estava a dar de lhes contar umas quantas cenas bem reais, Acho que, se o tivesse feito, aquela parte do restaurante teria ficado vazia, mais cedo. E eu não quis prejudicar o lucro do dono do restaurante. Ainda me sei conter!

Não tenho estômago para isto, mas a moral social impõe-no!

Ah... mas, na minha imaginação, ninguém manda. Aqui ninguém tem acesso, a não ser euzinha!

9 comentários:

Anani disse...

'pá, que elas não façam e não queiram, OK. O que eu acho nojento, isso sim, é lugarem o que os outros fazem...
Por exemplo, eu não gosto de práticas sado-masoquistas (ou acho que não gosto, nunca experimentei, a dor faz-me repulsa), mas bolas, que sejam muito felizes os que fazem. Não é? Que tenho eu a ver?
E é praticamente impossível não haver algo de erótico na forma como uma mulher olha para outra, facto que é super comum. Posso não ficar molhada, que em geral não fico, mas gosto de olhar (nem que seja por "inveja" de não ter/ser igual!).
Sabes, às tantas elas insistiam muito era para afastar fantasmas..., para se auto-convencerem de algo que não têm muita certeza... :-)

JPS disse...

Eu acho que legitimamente as tuas colegas têm todo o direito de achar nojento duas mulheres aos beijos. Mesmo que nunca tenham experimentado!

Eu gosto muito de coisas radicais e situações limite, mas nunca farei bungee jumping.

Tambem acho que até podiam não estar a ser hipocritas e que até algumas delas podem ser tambem umas "safadas especiais" com os seus respectivos (ou não...)

Se há coisas que gosto da liberdade sexual é que é livre. E livre significa tambem dizer "Não".

"Não" que por acaso é a primeira regra do swing (teoricamente o cúmulo da liberdade sexual)

Tudo isto para dizer o quê? Que dizer que não gostam, tudo bem (mesmo nunca tendo tentado...) Agora que condenem quem faça ou tenha feito ou gostaria de fazer é que já é outra historia.

E já agora numa nota estritamente pessoal: Duas meninas a brincar uma com a outra tiram-me completamente do sério! O que é que querem? Sou lésbico! :-)

PS: Este jantar de colegas foi aquele jantar da balança?

FZ disse...

Hehehe... É em alturas como esta que o FZ arregaça as manguitas e (deliciado) intervém... Vem ao de cima o iconoclasta que há nele... Que se há-de fazer?

Usando a velha arma do humor — a melhor em casos destes e perante pessoas... do "gabarito" das tuas... "amigas" (?!) — eu nunca deixaria passar em claro argumentos que iam deixar toda a gente de cara-à-banda. Te garanto que não deixava o assunto (somente) para um Blog, não...

Atitudes assim (pessoas assim?) devem ser logo confrontadas — se entre conhecidos, claro — in loco. Abanar!

Depois, das duas uma: ou nunca mais te falavam no assunto, à frente, (re)vendo-se na sua própria hipocrisia, ou, melhor, mas se calhar mais improvável, passariam a olhar-te da tal forma "normal" (a que te referiste noutro post [ou terá sido a AnAni?...]) e passavam a tratar do assunto com a seriedade que este, como qq outro assunto, deveria merecer.

Elas que crescam um bocadinho, que a vida não são só novelas, namorados e mexericos...

Anónimo disse...

Anani,Zuko e FZ,

Sabem uma coisa? Concordamos todos que a maior falta das pessoas que costuma, ter este tipo de comportamentos/comentários, é que são intolerantes. Transformam actos que desconhecem (?) e que não aceitam, em algo de condenável, de horrível, impuro, como se de um defeito se tratasse. E é exactamente isso que me faz confusão.
Também há algumas coisas que eu posso quase garantir que não farei nunca, mas deixo sempre a ressalva, porque eu não sei o que pensarei amanhã.
Eu NUNCA absorvo nada que me queiram transmitir, sem antes o questionar. Só depois desse passo é que eu posso emitir o meu juízo de valor (que vale o que vale) e tomar as minhas decisões.
Mas há muita gente que se acha muito à frente, que acredita em valores que lhes foram transmitidos, sem os questionar primeiro. Por isso é que estão muito atrás.
Aqui reside a diferença entre o ser normal por opção ou por herança cultural... enfim...

Zuco: sim, foi o mesmo jantar, mas isso é assunto para outro post, pois diverti-me imenso àm volta dessa questão, também!!!

Beijinhos!

Anónimo disse...

Pois EU do alto da minha ignorância digo:
Não me é agradável ver dois homens a beijar-se, no entanto nada tenho contra os homosexuais.
É-me extremamente agradável, direi até bonito ver duas mulheres a beijar-se, mesmo que tivesse algo contra a homosexualidade.
A tolerância em relação ao que os outros pensam, só nos embeleza e ilumina esta caminhada de merda que é a Vida...
Beijo do Viking.

Anónimo disse...

Uma vez li numa revista que a coisa mais perigosa em que um homem pode pensar e desejar é estar na cama com duas mulheres, pois pode muito bem arriscar-se a ficar a ver navios dentro de algum tempo. As mulheres são seres lindo, muito delicados, cheias de meiguice. Facilmente nos abraçamos, nos tocamos, mexemos no cabelo umas das outras sem qq tipo de preconceito. Daí a estarmos numa relação é um pulinho, ou não. Na nossa liberdade e na nossa imaginação ninguém manda. Achei a tua atitude muito adequada à situação.
Fica bem
Beijocas

Anónimo disse...

Prá Kika...
Se tivesses estado em África, verias que em certos locais os homens pretos/negros/de cor, conforme quiserem, andavam de mão dada na rua e por aí fora, sem lhes passar pla cabeça sequer, que algo de errado pudessem estar a fazer.......Porque na realidade NÃO estavam mesmo a fazer nada de errado....
Beijo do Viking.

Felina disse...

E não é errado mesmo...

Boa abordagem, Kika e Viking!

Anónimo disse...

Eu tambem nao compreendo mt bem essa ideia!Eu desde pequena que sinto uma certa atracçao por outras meninas!E como todos achavam isso anormal (apesar de nunca ter contado a ninguem) sentia'me muito mal.Ate dar o grito do Ipiranga!Ja me apaixonei por varias colegas,no entanto nao me considero bissexual!Nunca tive com nenhuma mulher apesar de querer faze'lo...nunca calhou!
Mas revi alguns momentos da minha vida nessa tua postagem!

Chita